Alfredo Maia - Artigos
Misturas Caseiras ou Misturas Pessoais
Flakes - em PDF
A grande confusão reinante quando se fala dos tabacos orientais, é que, com exceção do Latakia, costuma-se chamá-los de tabacos turcos, não obstante a grande variedade de sua procedência. Pode-se afirmar que todo tabaco turco é oriental, mas nem todo tabaco oriental é turco. Fica fácil confirmar essa afirmativa quando se relaciona os possíveis locais de procedência dos tabacos orientais:
Turquia
Grécia
Bulgária
Rússia
Croácia, Sérvia, Montenegro (ex-Iugoslávia)
Pequenas quantidades de tabacos de variedades orientais já foram plantadas na Argentina, África do Sul, Rodésia e Paquistão, mas a maior parte da produção vem dos países mencionados anteriormente.
Os tabacos orientais contribuem com um aroma único e um sabor levemente adocicado as misturas nas quais são usados; são tabacos naturalmente aromáticos não recebendo nenhuma adição de produtos aromatizantes.
Estes tabacos realmente aromáticos diferem dos outros no tamanho das plantas, no tamanho das folhas (são muito menores), na textura das folhas, na combustibilidade e teor de açucares (que só é menor que o do altamente adocicado Virginia) e no seu teor de nicotina que também é baixo, razão pela qual propiciam uma fumada mais suave apesar do seu sabor mais picante.
Os tabacos orientais possuem uma folha muito pequena, variando de 4 a 15 cm com uma textura delicada e uma cor que vai do amarelo dourado até o marrom, dependendo de onde é cultivado. A maneira mais fácil de se classificar os tabacos aromáticos é pela região onde são plantados, embora devido as migrações, países como a Grécia e a Turquia tenham regiões com o mesmo nome.
Este país tem diversas regiões de produção de tabaco, das quais podemos citar:
Esmirna ou Izmir –> ao sul, às margens do Mar Egeu
Anatólia –> mais ao norte, próxima à fronteira da Grécia
Samsum - Baffra –> no Mar Negro
Trabazon –> mais a nordeste, na fronteira com a Geórgia
Cada uma destas regiões produz diversos graus do mesmo tabaco, o que aumenta a quantidade dos tipos disponíveis. O trabalho nessas regiões é intensamente manual, com as folhas sendo colhidas uma a uma, com o valor mais alto sendo atribuído às folhas mais altas da planta, que são as últimas a amadurecerem.
Situada no litoral do Mar Egeu, a região é responsável por mais de 60% de todo o tabaco produzido na Turquia. É um tabaco de folhas pequenas e talos ainda menores e um baixo teor de nicotina. Sua cor é variável, indo de um verde claro até um dourado pálido. É muito usado como “condimento” em misturas de tabaco para cachimbo.às quais empresta sua doçura e seu sabor levemente picante e delicadamente aromático. No início do século XX era o tabaco mais usado pelos fabricantes de cigarros nos Estado Unidos.
Região situada ao norte de Esmirna, produz um tabaco muito popular na Turquia, conhecido por nomes como Dusdje, Hendek e outros.
Ao redor da cidade de Samsum no litoral do Mar Negro, estende-se a região que produz aquele que é considerado um dos melhores tabacos do mundo, usado em algumas das misturas mais apreciadas de tabaco para cachimbo.
Este é um dos tabacos cuja produção não pode ser conseguida em nenhuma outra parte do mundo, sendo que sua folhas pequenas, delicadas e de cor clara, além de seu sabor característico somente florescem nessa região.
Situada na mesma região de Samsum, Baffra produz um tabaco com folhas mais avermelhadas e escuras e um aroma mais intenso. Também é um tabaco usado para dar mais aroma e sabor a misturas de tabacos para cachimbo, como as chamadas misturas inglesas.
Situada mais a leste região de Samsum e Baffra, já próxima à fronteira da República da Geórgia, a região produz um tabaco de folhas mais claras e avermelhadas com um sabor forte e muito aromático. Sua produção é mais voltada para o mercado interno.
Como a Turquia, a Grécia possui três tipos de tabacos com quase uma dúzia de sub-tipos, com denominações regionais, em alguns casos idênticas ao produto turco.
Por incrível que pareça, alguns desses tipos bem distintos uns dos outros são cultivados em regiões situadas a menos de 100 km de distância uma da outra.
Os tabacos mais comercializados no exterior são os do tipo Basma, Katerini e Bashi Bagli.
Plantado quase que exclusivamente na Grécia, este tabaco é considerado um dos melhores tabacos aromáticos do mundo, respondendo pro cerca de 35% da produção grega.
É um tabaco de folhas pequenas com uma cor que varia do amarelo dourado até o marrom. Seu sabor, que faz a delícia de todo fumante, é muito doce e refrescante. É usado em pequenas proporções em misturas inglesas para contrabalançar o sabor mais forte de outros tabacos e para melhorar as características de combustibilidade da mistura.
Plantado na região do mesmo nome, é bastante parecido como o Basma, do qual é considerado um sub-tipo. As excelentes qualidades de aroma do tipo Basma são também encontradas no tipo Xanthi.
Originário da região montanhosa ao norte de Xanthi, o Djebel é bastante parecido como o mesmo, embora seja menos encorpado e de cor mais clara. É excelente para misturas, possuindo um delicioso sabor adocicado, mais fraco que o Xanthi, mas com melhores qualidades de combustibilidade, com folhas menores e mais finas.
Plantados nesta região da Grécia, estes tabacos são muito apreciados pelo seu sabor leve, suave e adocicado e pelo seu aroma agradável. Possui excelentes qualidades de combustão e pode ser usado como base ou como agente de sabor.
O tipo Bashi Bagli é cultivado na Grécia central, produzindo folhas largas com uma cor amarelada levemente avermelhada. Muito usado para dar volume às misturas, possui um sabor forte e adocicado mas quase nenhum aroma. Seu uso deve ser muito bem dosado pois possui um teor de nicotina mais elevado que os outros tipos de tabacos cultivados na Grécia.
Embora cultivado a centenas de quilômetros do distrito de Samsum na Turquia, este tabaco recebeu o mesmo nome do tabaco turco do Mar Egeu. Possui sabor agradável, um aroma delicado e excelentes características de combustão.
Outros tipos de tabaco cultivados na Grécia são o Dubec, Cavalla, Mahalla e Yeniji, todos eles sub-tipos do Basma.
O
latakia pode ser considerado o tabaco dos extremos: ou você
gosta ou você
não
gosta; não
há como ser indiferente ou fazer de conta que sua presença em uma mistura pode
passar desapercebida. Dizem alguns que fumar latakia é um gosto adquirido,
pois não
é
possível
gostar do mesmo sem ter aprendido.
O
nome do tabaco vem da cidade Síria de Al-Ladhiqiyab,
situada às
margens do Mar Mediterrâneo em frente a parte
nordeste da Ilha de Chipre, sendo um dos principais portos da região.
O
latakia tem origem na Nicotiana Pérsica, a menor das
plantas do gênero
Nicotiana, mas deve ser deixado bem claro que nenhuma folha natural de tabaco
pode ser chamada de latakia; esse nome só
é adquirido após
um longo processo de cura e defumação, cuja origem se
perde no tempo e por isso é sujeita a ser contada como lenda e ser personagem
de muitas histórias
.
O
processo de defumação para a produção do latakia parece
ter sido descoberto por acaso, quando alguns produtores de tabaco penduraram as
folhas excedentes de uma colheita no teto de suas casas, onde ficaram expostas
ao calor e
à
fumaça
das fogueiras usadas para aquecimento do ambiente. Dependendo das ervas usadas
como combustível
das fogueiras, o sabor peculiar do latakia era obtido com mais ou menos
intensidade. Exatamente como conta a lenda da descoberta da cura ao fogo pelos
nativos norte-americanos.
A
parte folclórica
e gaiata dessa lenda conta que parte do combustível usado para
alimentar as fogueiras era constituída
de excremento seco dos camelos, e que o aroma obtido dependia das ervas
ingeridas pelos animais.
A
realidade nos dias de hoje é bem menos folclórica
e mais prática,
com um grande esforço para aumentar a disponibilidade desse tabaco
cuja presença
caracteriza de forma inequívoca as chamadas
misturas inglesas.
O
latakia consumido hoje em dia
é proveniente de dois
locais mais ou menos distantes e que dão origem a tabacos
razoavelmente distintos, mas ambos conhecidos como latakia. Esses locais são
a região
de Latakia na Síria
e a Ilha de Chipre, embora uma pequena proporção esteja sendo
cultivada na Grécia.
O produto sírio tem sua origem em
uma folha de tabaco longa e estreita, conhecida como “shekk-el-bint”
ou “shek-el-bent”.
Essas folhas medem de 25 a 30 cm, portanto bem menores que as folhas do tabaco
Virgínia por exemplo.
Durante a colheita a planta é cortada e colocada
para secar ao sol até que esteja completamente seca, o que leva de 4 a
6 semanas. Neste ponto as folhas e as flores que foram cortadas junto, são
levadas para grandes armazéns hermeticamente
fechados, onde são penduradas e submetidas a um processo de defumação,
com a fumaça originada da queima de uma combinação
de ervas e madeiras tais como o carvalho, pinho, cipreste e mirta. O processo
que pode levar de 8 a 15 semanas, resulta em um produto escuro, de sabor intenso
e picante com um aroma como incenso. Ao término do processo, já
denominado latakia, o tabaco de melhor qualidade recebe o grau de “abourhim”
ou “abu-rhim” que significa “o
rei do sabor”, seguido
pelo latakia negro e depois o azul.
Seu sabor marcante serve de “condimento”
para outros tabacos se usado na proporção adequada; se usado em
demasia pode prevalecer sobre todos os outros tabacos da mistura.
Fumado puro o latakia é um tabaco para não
ser esquecido, com um aroma intenso, desprezado por muitos, mas relativamente
suave ao fumar, sem gosto muito acentuado que permanece na língua
ao final. Aos menos acostumados ou mais sensíveis à
nicotina, pode mostrar o mundo de cabeça para baixo.
O uso do latakia na Europa começou
a se difundir em 1874 quando a Sobranie of London passou a produzir uma mistura
condimentada com latakia, no que foi seguida pela Orlik. No início
do século XX o latakia era muito usado nos Estados
Unidos por muitos fabricantes de
cigarros, para “apimentar”
as misturas de tabacos turcos muito em moda na época.
O latakia da ilha de Chipre vem de uma semente da
variedade Esmirna ou Izmir que produz uma planta de folhas pequenas, ainda
menores que as do latakia sírio, alcançando de 15 a 18 cm, com
uma cor que vai do amarelo ao marrom.
O tratamento das folhas colhidas é
similar ao do produto sírio, originando um
tabaco muito escuro, quase negro, com aroma mais profundo. As diferenças
em aroma e sabor são, em parte, das diferenças em aroma e sabor das
madeiras e ervas usadas na defumação, as quais, embora
possam ser as mesmas, são influenciadas pelas diferenças de solo e clima
entre a ilha e o continente.
Quando comparado com o produto sírio,
o latakia cipriota tem um sabor menos picante e seu paladar amadeirado não
é
tão
definido e menos aguçado. Sendo, não obstante, um latakia,
o seu uso descuidado em misturas pode fazer desaparecerem tabacos mais delicados
e propiciar aos fumantes a mesma experiência inesquecível,
para o bem ou para o mal, de seu semelhante sírio.
O
latakia
é
um tabaco oriental no sentido mais estrito do termo, não
sendo de maneira alguma um tabaco turco. Por sua importância,
entretanto, não
é
agrupado junto com os tabacos orientais. Devido ao seu processo de produção,
o latakia
é
um tabaco naturalmente aromático
sem adição
de produtos químicos.
Possui
excelentes qualidades de combustibilidade, e sendo um tabaco de
“condimento”
usado para realçar
o sabor e o aroma de uma mistura, os dois tipos devem ser usados com cuidado,
principalmente devido as diferenças existentes entre
eles.
Em
quantidades de até 5% na mistura, já
é possível
perceber e desfrutar da presença desses dois tabaco,
ao passo que ao redor de 10% começam realmente a se
fazer notar com mais força.
O latakia cipriota vai mostrando seu caráter forte até
cerca de 45%, quando então começa
a ser dominante, obscurecendo o sabor de qualquer outro tabaco presente. Algumas
poucas misturas tem mais de 45% de latakia cipriota, e são
apreciadas por alguns fumantes mais pelo latakia em si que pela delicadeza da
mistura.
Da
mesma maneira se comporta o latakia sírio, com a diferença
que por volta de 35% em uma mistura, já começa
a ser o produto dominante. Acima dessa proporção deve-se tomar
cuidado com os efeitos já
mencionados sobre o fumante.
Em primeiro lugar: porque o briar? Porque já está sacramentado a mais de um século como a melhor madeira para se fazer cachimbos. Como começou não importa, mas com certeza não era tratado como é hoje. Como os tabacos de 1850 eram muito ruins pelos padrões de hoje, o gosto que pudesse advir da madeira era o de menos.
O grande diferencial do briar é que ele não é fibroso. Por ser um NÓ ele não tem fibras com direção preferencial, que tornam mais dificil fazer um cachimbo resistente. Além disso é denso e resistente a temperatura (apesar de queimar como qualquer madeira).
Segundo, ele é tratado e muito bem tratado. Depois de retirado do solo ele é
lavado e guardado até ter uma quantidade boa para trabalhar. Ele é guardado em
um lugar fresco e ao abrigo do sol e deixado para secar MUITO lentamente. Leva
meses. A secagem é tão lenta que às vezes alguns brotos crescem dos "broussins"
como são chamado os nós colhidos. Quando tem um volume bom ele é cortado em dois
e depois é fervido durante doze horas A fervura (seja qdo for feita) é feita em
água e só vendo o caldo que sai (neste link tem uma foto:
http://www.pt-
Além disso o briar tem os veios que o fazem muito bonito mas que um jacarandá ou pau-marfim também tem.
O problema com as madeiras nacionais é que elas não são tratadas: o cara corta um pedaço de um tronco ou de uma tábua e já vai fazer um cachimbo. Isso vale para todos os fabricantes de cachimbo nacionais. A madeira (como o briar) está cheia de seiva que vai dar um gosto amargo quando chegar na boca. Só vai sair dai se a madeira for bem fervida e deixada secar bem lentamente(se não racha, como o briar também racha).
Se eu
fosse eleger as madeiras nacionais para tratar e tentar fazer cachimbo eu
escolheria: peroba (talvez a mais resitente); jacarandá