FUMAÇA MÁGICA 297 São Gonçalo dos Campos/BA |
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QUASE NINGUÉM LÊ
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HUGO CARVALHO*
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exercício da leitura, em especial de bons autores, deveria ser mais incentivado nos lares e nas escolas. As bibliotecas andam vazias. Tudo virou Internet, com suas traições e com seus vírus. Comprar livros, ou mesmo revistas e jornais, está num patamar bem abaixo do comprar CDs, DVDs, jogos do Playstation. Parece que o exercício de ler virou coisa do passado. Estudantes só leem livros propostos nos vestibulares da vida.
Eu, que escrevo regularmente, posso bem testemunhar, o abandono cultural ao qual foram relegadas as gerações mais jovens. Leem e nada entendem do que leram. São verdadeiros analfabetos funcionais de vocabulário reduzidíssimo que, ao invés de recorrerem ao “pai dos burros” (expressão antiga que classificava os dicionários), preferem reclamar do escritor por não haverem compreendido o texto e sua mensagem. Comodistas que adoram os pratos prontos e as comidas a quilo.
Quem deve se esforçar para se fazer entender são os escritores de notícias, os jornalistas. Quanto àqueles que escrevem por diletantismo (qualidade de quem exerce uma arte por gosto e não por ofício ou obrigação), despreocupados com os ibopes da vida, reserva-se o direito de dizerem das coisas ao seu modo, lançando mão das sutilezas (delicadezas, finuras) do nosso idioma pátrio.
Tais reflexões me acorrem agora, enquanto sossegado no meu recanto de escrever, vejo meu charuto desfazendo-se e, como uma ampulheta (instrumento constituído de dois vasos cônicos de vidro, que se comunicam nos vértices por um pequeno orifício, e destinado a medir o tempo pela passagem de certa parte de areia do vaso superior para o vaso inferior), contar o tempo escorrendo. Por tal motivo de uns tempos para cá, para não deformar meu estilo, passei a colocar após o emprego de palavras pouco usuais, uma breve explicação dos seus significados. Que me perdoem, portanto, os leitores com bom domínio vocabular.
Sei que, assim como aprecio charutos, tal cuidado poderá parecer anacrônico (contrário aos usos da época) ou pedante (vaidoso, pretensioso). Mas não é. Trata-se da singela (simples, sincera) conclusão que, hoje em dia, quase ninguém lê.
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HUGO CARVALHO
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São Gonçalo dos Campos