VALIDADOR OFICIAL

 

á gosto ver a nossa capacidade inventiva para arrancar dinheiro dos cidadãos brasileiros. Manhas e artimanhas são urdidas como forma de impor ao povo novas taxas, novas contribuições, novos impostos. Compulsórios, naturalmente.

Em matéria de serviços postais, minha querida Sãogonçalodoscamposdabahia é digna de registro. Apenas um privilegiado núcleo central conta com entregas domiciliares de correspondência. A maioria da população, - cidadãos de segunda categoria, por certo – é obrigada a ir à agência dos Correios, saber se “chegou correspondência”.

Isso sem dizer que, com déficit de pessoal, a prefeitura é obrigada a colocar funcionário municipal à disposição da EBCT, empresa que se orgulha de haver faturado R$ 10,2 bilhões e lucrado R$ 830 milhões em 2007, em parte às custas de cobrar e não prestar o serviço-monopólio ao qual se propõe: correspondência postal.

Enquanto tais coisas acontecem, lendo entrevista com o atual presidente dos Correios, (Gazeta Mercantil de 27/02/08) colhi uma “pérola” digna de ser aproveitada também no ramo charuteiro. Tudo bem que a correspondência postal, em franco desuso, seja um monopólio estatal. Mas, daí a querer abocanhar a correspondência eletrônica, vai um passo gigantesco.

Negócio seguinte. Os Correios que, como disse, ainda não cumprem sua finalidade precípua, entregar correspondência em muitos municípios pequenos como aquele onde vivo, estão de olho nos e-mails da vida. Não, não pretendem ingressar no serviço de provedor de acesso, o que daria muito trabalho e obrigaria a empresa a ter que competir com a iniciativa privada.  Nada disso. Os Correios pensam em ser uma espécie de “validador nacional de Correio Eletrônico”. Através de uma reformulação da Lei Postal, o cidadão passaria a ter que pagar, aos Correios, uma taxa para ter um endereço eletrônico. Simples, não?  O presidente da empresa, na sua entrevista, completa dizendo que “os Correios informariam ao destinatário que há uma correspondência em sua caixa postal eletrônica e que, quando o destinatário ler a mensagem, com chancela dos Correios, saberá que aquelas informações são fidedignas”. Que beleza! Irei ficar imensamente grato aos Correios por tal inútil e desnecessário aviso.

E quando, linhas acima disse que a genial idéia é digna de ser aproveitada pelo ramo charuteiro, falei sério. Estou pensando em fundar uma empresa “validadora nacional dos charutos brasileiros”. Que tal?