FUMAÇA MÁGICA 286 São Gonçalo dos Campos/BA. |
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"BONÉUS"
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HUGO CARVALHO*
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qui na minha cidade de Sãogonçalodoscamposdabahia o vulgo consagrou a pronúncia “bonéu” para aquele aparato, usado na cabeça, conhecido como “boné”. Pois é. Pronuncia-se “bonéu”, o que penso eu, ocorra por eufonia com chapéu, aqui ainda bastante usado pelo pessoal dito “da roça”.
E, não é que, enquanto pensava num bom charuto para inspirar-me um novo texto, ouço no rádio que os “bonéus” poderão vir integrar os uniformes escolares? Cáspita! Já imaginaram os cerca de 20 milhões de meninos e de meninas, toda a classe estudantil da rede pública, obrigatoriamente de “bonéus” nas cabeças? Os meninos, talvez, curtam a inovação. Mas as meninas, as lindas meninas da minha terra, com seus penteados afro, trancinhas e miçangas mil, irão, tenho certeza, abominar o uso obrigatório dos “bonéus”.
Calculem-se duas unidades por aluno, por ano. Serão 40 milhões de bonés cativos. E a coisa já anda bem adiantada. A Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal acaba de aprovar a inclusão do “bonéu” no uniforme escolar dos colégios municipais, estaduais e federais. A proposta, agora, será enviada à Câmara dos Deputados, onde deverá ser apreciado pelas Comissões de Educação, de Segurança Social e Família, e de Constituição, Justiça e Cidadania e, por se tratar de projeto com caráter conclusivo, não precisará passar pelo plenário da Câmara.
As justificativas? Para o distinto público argumenta-se que a “medida protegerá as crianças e os adolescentes dos malefícios do sol”. Dá gosto ver a preocupação do Senado Federal com a proteção de nossas crianças. Argumenta-se, também, que tal lei visa diminuir o impacto social negativo, causado nas cidades-pólo produtoras de bonés no País, pela “Lei dos Brindes” que proibiu a distribuição de bonés e camisetas nas eleições.
Mas a verdadeira causa de se pretender incluir bonés nos kits escolares, tem sido a forte concorrência dos similares chineses que entram no País a preços menores. É claro que os empresários do ramo e suas entidades de classe não dizem isso, mas estão atuando para que as licitações públicas sejam abertas somente para empresas brasileiras. Só em termos municipais seriam mais de 5 mil licitações.
Pena que idéia similar não possa ser defendida pelos empresários do ramo charuteiro, alegando prejuízos causados pela legislação antitabaco. Já pensaram o que representaria de empregos se, com cada um dos 3 milhões de veículos novos comercializados, anualmente, no Brasil, fosse oferecida uma caixa de charutos nacionais?
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HUGO CARVALHO
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São Gonçalo dos Campos