HUGO CARVALHO*

A meus leitores advogados

omo leigo e bom charuteiro, hoje vou dar palpite em seara alheia, vez que não cursei Direito. Que me perdoem meus leitores rábulas, mas parece que querem promover um retrocesso na cultura jurídica nacional.

Os exames aplicados pela OAB – Ordem dos Advogados do Brasil voltam a ser alvo de debate, pois tem gente querendo a extinção da prova. Ora, ora, distinto público. Não sei o quê passa pela cabeça do senador Gilvam Borges (PMDB-AP) que apresentou Projeto de Lei em tal sentido. Estará querendo levar à ordem jurídica, a desordem senatorial?

Como se pode considerar argumento favorável a tal projeto, os altos índices de reprovação no país, que chegam a mais de 70% e que têm impedido que cerca de 1,9 milhão de bacharéis (despreparados) venham a exercer a advocacia? A extinção da prova ocasionará sérios prejuízos à atividade e à sociedade. A entrada destes quase 2 milhões de “advogados” no mercado de trabalho contribuirá ainda mais para a queda de nível de exigência para os cursos superiores.

Ai dos clientes que venham cair nas mãos de tais bacharéis. A ação dos mesmos, sem o devido preparo para exercício da atividade jurídica causará mais danos à população e às instituições jurídicas do que propriamente ao campo de trabalho. O despreparo ou a desatualização poderão impor prejuízos irreparáveis ao patrimônio e à liberdade das pessoas, em decorrência de uma má atuação, contribuindo para o desprestígio da classe.

Meu charuto me alerta que a aprovação do projeto do senador peemedebista será um retrocesso e que cabe à classe se articular para que a indesejável e inoportuna iniciativa seja derrubada.

É autorizada a reprodução desta crônica em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e seu autor. www.hugocarvalho.tk

HUGO CARVALHO - economista gaúcho que se fez baiano em 1965, aos 24 anos de idade. Missivista por força de ofícios quando jovem, hoje, aposentado, mata saudades do passado escrevendo crônicas.

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São Gonçalo dos Campos