HUGO CARVALHO*

Segundo a perfumista Mandy Aftel, autora de Essências & Alquimia (Ed. Rocco), “o aroma nos alcança de maneira que escapa da visão e da audição, mas estimula a imaginação com toda a sua sensualidade, revelando mundos ocultos”.

Basta um cheiro nos ser familiar para fazer vir à tona um mar de emoções. Meus charutos que o digam. Aos meus filhos, os charutos lembram “pai em casa”, “pai em paz”. 

A força do olfato é majestosa. Mais do que os olhos, os ouvidos, as mãos e a boca, o nariz tem o poder mágico de provocar a memória, materializando ou reconhecendo, como num filme, fatos e pessoas distantes. Já, enquanto recém-nascidos, era pelo nariz que localizávamos a fonte do leite materno. E, com o passar dos anos vamos aperfeiçoando o olfato, acrescentando sempre novas sensações e experiências de cheiros que reconhecemos ao longo da vida.

Não foi à toa que, no começo, os cheiros, as fumaças, eram veículos de elevação do espírito. O uso de produtos aromáticos como condutores espirituais, em ritos religiosos, tem sido constante como forma de inspiração e transporte da alma.

Com o tempo o perfume ganhou uma conotação cosmética. O poder de sedução de uma fragrância se transformou em parte do dia a dia do mundo contemporâneo.

Mas a etimologia está aí para comprovar que as fumaças mágicas de meus charutos têm importante papel nesta história. Afinal a palavra perfume tem sua origem no latim per fumum, que significa através da fumaça.

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HUGO CARVALHO - economista gaúcho que se fez baiano em 1965, aos 24 anos de idade. Missivista por força de ofícios quando jovem, hoje, aposentado, mata saudades do passado escrevendo crônicas.

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São Gonçalo dos Campos