FUMAÇA MÁGICA 259 São Gonçalo dos Campos/BA, 04 de novembro de 2006 |
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SÓCIAS |
HUGO CARVALHO*
Não há mais sal. O sal se foi. Só ficaram as saudades. Assim se resume a história de Salinas da Margarida. Nome de um romantismo próprio, de várias interpretações, mas nunca decifrado, que batizou um dos menores municípios baianos, situado do lado continental da Bahia de Todos os Santos. Ali, em suas marinhas, utilizando o método de produzir cloreto de sódio a partir da evaporação natural, operou a décima maior empresa brasileira na virada dos séculos XIX e XX e que chegou a ser, num dado momento, a principal produtora de sal da América do Sul.
Durante os verões de setenta anos, no período de 1891 a 1960, a água do mar foi bombeada para os algibés (condensadores), destes sucessivamente seguia para os mandamentos e as cabeceiras, chegando aos cristalizadores onde, com a indispensável ajuda do vento e do sol, se transformava em montanhas da alva riqueza cristalina que, depois “ficava no armazém, lustrando que chegava a doer as vistas”. De lá, em saveiros o sal viajava para Cachoeira, Salvador e Nazaré das Farinhas.
Durante todo o fausto da riqueza a localidade, que até 1901 pertencera ao município de Jaguaripe, era apenas um distrito de Itaparica. A emancipação como município, com o nome herdado da companhia salineira, só veio acontecer em 1962, depois da derrocada da indústria do sal. Uma vã tentativa nascida do sonho de se tentar associar emancipação com progresso.
Curiosamente o período do apogeu do sal correspondeu também ao ápice da indústria charuteira, fundeada em Maragogipe e Cachoeira, bem como ao de maior significado das plantações de fumo da Bahia. Os saveiros que transportavam o sal, eram os mesmos barcos que levavam tanto os charutos produzidos em Maragogipe quanto os fumos do Recôncavo Baiano para Salvador e dali para o mundo.
Foram outras eras. Agora, Salinas da Margarida, Maragogipe, Cachoeira, São Felix, São Gonçalo dos Campos, etc. passaram a ser sócias.
Sócias nas doces saudades dos bons tempos.
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Hugo
Carvalho
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São Gonçalo dos Campos
Amigos.
Quando, há alguns anos, comecei a escrever sobre charutos era movido por preocupações de cunho meramente comercial. Marketing direto e telemarketing eram palavras da moda.
Preocupava-me em explicar como são feitos os charutos, como são fumados, etc. Tais textos, quando hoje os releio, me parecem estéreis, enfadonhos. Transcrições adaptadas à minha linguagem, daquilo que outros disseram e redisseram, muito antes de mim, sobre a matéria.
Com
o advento da Internet, então, nem se fala. “Choveram” sites
sobre puros. Basta Você acessar qualquer um e irá encontrar, quase
sempre, as mesmas ladainhas. Quantas
vezes, navegando em sites charuteiros, encontrei palavras minhas (?). Ledo engano querer
ensinar o padre-nosso ao vigário. Quem melhor sabe de charutos é Você que os
consome.
Evadi-me
da vala comum. Abandonei as preocupações mercantis;
troquei o marketing direto
pelo Marketing de Relacionamento e passei a escrever pelo prazer de escrever e
de fumar charutos.
Puxa! Como a vida mudou.
Agora,
salvo ocasional recaída que o retrogosto dos puros provoca, não retroajo.
Interajo consigo. Procuro dar novo sentido a nosso relacionamento tentando
demonstrar serem os charutos, para quem neles se iniciou, parte integrante do
cotidiano.
Tenho
relutado em ter criado meu site na Internet, pois não gosto de falar com estranhos sem ter sido previamente apresentado. Não me sinto
confortável em me expor para aqueles a quem não
conheço. Essa característica pessoal
meus charutos não corrigiram. Ao contrário, respeitam-na, pois eles não são
para todo mundo. São apenas para pessoas especiais, como
Você
dileto amigo,
que os curte nos, por si eleitos, melhores momentos de sua vida.