FUMAÇA MÁGICA 253 São Gonçalo dos Campos/BA, 14 de outubro de 2006 |
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CORDEL DA SUERDIECK |
HUGO CARVALHO*
Um pouco da história dos charutos no Brasil não faz mal. Ainda mais quando os fatos estão retratados em versos de um cordel. Permitam-me, pois, um breve preâmbulo.
Corria o ano de 1988. À época eu era diretor executivo das fábricas da Suerdieck, então com unidades de produção em Maragogipe, Cruz das Almas e Muritiba. Nesta última cidade tratava-se das antigas instalações dos charutos Pimentel, cuja sociedade a Suerdieck encampara.
No referido ano completava-se o centenário da chegada ao Brasil do pioneiro August Suerdieck e decidiu-se promover uma grande festa alusiva ao evento. Dentre os inúmeros fatos que marcaram a data, e graças à intermediação de meu amigo, o artista e programador visual Washington Falcão, conheci o poeta popular, cordelista Antônio Alves da Silva, da cidade de Feira de Santana, encomendando-lhe viesse contar em versos a saga do velho Augusto Suerdieck.
Do Cordel foram produzidos mil exemplares, então todos distribuídos.
Em minhas mãos restou um e achei por bem, antes que se perca com o tempo, abrir um espaço para o mesmo, entre as minhas “fumaças”, salvando assim um pouco da nossa memória. De modo especial porque a Suerdieck, infelizmente, veio a desaparecer ao apagar das luzes do século passado. Mas isso é já outra história.
Deliciem-se.
O Centenário da Chegada de August Suerdieck ao Brasil
(1888-1988)
Cordel de autoria de Antônio Alves da Silva
Divulgação: Hugo Carvalho – www.hugocarvalho.tk
Me jogo de corpo e alma
Nos braços da poesia.
Ponho os mistérios da noite
Na claridade do dia,
Envolvendo minha musa
D´uma inspiração sadia.
Em direção ao Parnaso
Sigo meu itinerário
Para registrar um fato
Um lance extraordinário...
Da chegada de um homem
Seu primeiro centenário.
Para que o nosso povo
Guarde sempre na memória,
Faço aqui um retrocesso
Tecendo os fios da história
Trazendo assim ao presente,
Todo passado de glória.
Foi em mil e oitocentos
E oitenta e oito; então
Que AUGUST SUERDIECK
Pisava em nosso torrão,
Com esperança na alma,
E fervor no coração.
De uma firma na Alemanha
SUERDIECK era empregado.
Nesse ano, a Cruz das Almas
O mesmo fora enviado
Pra fiscalizar o fumo
Que ali era enfardado.
Ao chegar em Cruz das Almas
Prosseguiu no seu trabalho.
Enfrentando o sol e a chuva,
Às vezes sem agasalho...
Como um pássaro que voa
Pousando de galho, em galho.
O progresso nesse tempo
Era ainda um utopia!
O transporte era penoso
Pois estrada não havia.
Era no lombo de burros
Que tudo se conduzia.
Em noventa e quatro, ele,
Nesse ano, adquiriu
Em Cruz um grande armazém,
Sua própria firma abriu
Por nome de SUERDIECK
Que logo se expandiu.
Mais tarde, em noventa e novembro
Do ano mil e oitocentos,
Já com firma registrada
E novos investimentos,
Seus negócios se expandiam
Ao sopro dos quatro ventos!
Sua firma conquistava
Uma nova freguesia
Exportando para a França,
Pois sua mercadoria
Era uma das melhores
Produzidas na Bahia!
Então, o fumo baiano
Como artigo de primeira
Começou a destacar-se
Por toda terra estrangeira,
Graças ao homem, que teve
Essa idéia pioneira.
Ainda em noventa e novembro
Homem de boa estirpe
Ele estendeu seus negócios
Até a Maragogipe,
Onde construiu um prédio
Junto com sua equipe.
Em pouco tempo, a Bahia
Com seu campo fumageiro
Se projetava, por fim
Em todo solo estrangeiro!
Pelo trabalho de um homem
Desbravador e pioneiro...
Hoje, se rendem homenagens
Entre maravilhas mil
À AUGUST SUERDIECK
Por seu trabalho viril!...
Projetando no estrangeiro,
A imagem do Brasil.
Hoje, as marcas do progresso
No Brasil, seguem seu rumo.
Sendo a Bahia a mais rica
Na exportação de fumo,
Também de outras lavouras,
Seja de grãos ou de sumo.
Entretanto, os obstáculos,
Como ouço alguém dizer,
Não conseguem atrofiar
A vontade e o saber
Daqueles que têm na alma
O ideal de vencer.
Como homem de negócios
SUERDIECK prosperava
Mês a mês, ano após ano,
Sua empresa disparava
Cresciam assim os pedidos
Dos fumos que exportava.
Irei registrar aqui
Lance de grande valia
Que foi a fabricação
Num auspicioso dia:
Dos charutos SUERDIECK
No estado da Bahia.
Foi em mil oitocentos
E noventa e nove; então
Que chegava na Bahia
FERDINAND, um seu irmão
Para ajuda-lo na empresa
De fumo e exportação.
Ambos, ainda bem moços,
Juntos foram trabalhar.
Comprando fumo e exportando,
Naquele labor sem par.
Enfrentando mil problemas
Sem nunca desanimar.
No entanto, inconformado
Com a paralisação
Durante todo o inverno
Sem ter outra ocupação,
FERDINAND então, falou
Assim para seu irmão:
AUGUST, eu tive uma idéia
E creio que vai dar certo
Vamos fabricar charutos
Pois este é um campo aberto
Para assim nos expandirmos,
Nossa vitória está perto...
AUGUST logo acatou
As idéias do irmão
E iniciaram aos poucos
Pequena fabricação
De charutos SUERDIECK,
Com uma grande aceitação.
No começo, a produção
Era pouca , na verdade,
Porém os charutos eram,
De uma boa qualidade,
Foram conquistando o povo
De toda aquela cidade.
Vendo que ia dar certo,
Naquele mesmo momento,
Logo os irmãos SUERDIECK
Sem nenhum impedimento,
Partiram para fundar
Um novo empreendimento.
Sem temer os contratempos,
Não dispondo nem de um jipe
AUGUST, então transferiu
O irmão com sua equipe,
Fundando a primeira fábrica
Na bela Maragogipe.
Mil novecentos e cinco
Foi a data preferida
Para a fundação da fábrica.
Numa tarde colorida,
Trazendo para a cidade
Um novo meio de vida.
Ao ver que a prosperidade
Em sua porta batia
O povo em Maragogipe
Na mais completa alegria,
Com fogos, dança e bebida
Festejou aquele dia.
Outras marcas de charutos
Já existiam afinal,
No entanto, a SUERDIECK
No seu modo artesanal
Suplantava em pouco tempo
Todas elas em geral.
Ficaram duas empresas
No registro brasileiro
A SUERDIECK charutos
No fabrico pioneiro
E a AUG. SUERDIECK
Pelo setor fumageiro.
Essas empresas cresceram
E depressa se espalharam
N´outras cidades baianas
Várias firmas instalaram,
Novas marcas de charutos
Sabiamente criaram.
Modernizaram-se os tempos
Outras firmas do estrangeiro
Vieram e depois se foram
Deste solo brasileiro
Enquanto que a SUERDIECK
Exportava ao mundo inteiro.
Às vezes eu me pergunto,
Depois respondo sozinho,
A SUEDIECK venceu
Os entraves do caminho,
Por fabricar seus produtos
Com muito amor e carinho.
Tudo que se faz na vida
Com jeito, paz e doçura,
É como o lírio do campo
Que não perde a formosura!
A paixão pode acabar:
Porém o amor perdura.
Muitos anos se passaram.
Houve alguma tempestade.
Passaram-se duas guerras
Com muita intranqüilidade
Mas, afinal triunfou
A chama da liberdade.
Aqueles primeiros donos
Hoje não existem mais.
Vieram outros parentes
Porém como são mortais,
Morre o homem e fica a fama,
Esta o tempo não desfaz.
Posso citar alguns nomes
Diretor, sócio ou gerente
O senhor GERHARD MEYER
Que também era parente
Se tornando logo um sócio,
Com trabalho eficiente.
Não obstante, as pessoas
De porte grande, ou menor
Citaremos, só o nome
Que já sabemos de cor.
È GERHARD SUERDIECK
O seu benfeitor maior.
Pois quando se comemora
Esta data tão feliz
Cem anos da bela história
No nosso imenso país,
Lhe devemos a vitória
Por toda esta raiz.
Contudo outra figura
Merece nossa homenagem
Porque dirige esta empresa
Com força, amor e coragem.
Embora que nesta vida
Estejamos de passagem.
Dita pessoa merece
Uma homenagem fagueira
Por não deixar esta indústria
Cair na mão estrangeira
Demonstrando ser mulher
Firme, forte e verdadeira.
Tal mulher de quem vos falo
De face meiga e singela
Comanda este empreendimento
Entre a paz ou a procela
Todos sabem o seu nome:
Se chama dona GISELA.
Mas um livro de cordel
Tem espaço limitado
Para se falar no nome
De todos, que no passado
Trabalharam, para o bem
Desta empresa em nosso estado.
Porém, deixando o passado,
Falo no tempo atual.
Dona GISELA incrementa
A Agro Comercial
Com todos seis dirigentes
Num arrojo colossal!...
Nas fábricas e nos campos
Tudo é limpo e asseado.
Os operários trabalham
Com zelo e muito cuidado
Qual um belo monumento
Por um artista talhado.
Tudo é feito com carinho
Num trabalho muito lento.
Do plantio do tabaco
Até o encaixotamento,
Para que não hajam falhas,
E tudo saia a contento.
O Brasil é o país,
Sem exageros astutos,
O único que usa cedro
Para encaixar seus charutos.
Exportando para Europa,
Enaltece seus produtos.
Dizem que antigamente
Só para enganar os trouxas
O fabrico dos charutos
Só era feito nas coxas.
Das mulheres que faziam.
Pretas, morenas ou roxas.
Porém, isso é invenção
Do povo da antiguidade
Os charutos eram feitos
Sobre as coxas, na verdade;
Das mulheres, e por isto
Nos dava animosidade.
A importância do fumo
Junto a nossa economia
Vem do tempo imperial
Sendo que nossa Bahia
Foi o lugar mais propício
Não foi escolha tardia.
O valor desses tabacos
Está bem enraizado
Nos campos de nossa terra
Onde são bem cultivados
De maneira carinhosa,
E processos demorados.
A Agro Comercial
Tem um processo sadio
Desde a escolha das mudas
Ao momento do plantio.
Nem muita chuva, nem sol,
Pouco calor, pouco frio.
Primeiro se colhe a folha
No setor da plantação
Começa então a secagem,
Depois a fermentação
E o beneficiamento
Do capeiro exportação.
Tudo tem de ser correto
Na maneira do cultivo.
Desde o tamanho das folhas
Ao aroma positivo,
Para que cada charuto
Seja mais convidativo.
Pois o valor do produto
Não pode ser distorcido.
Nas praças do mundo inteiro
Ele já é conhecido
Como uma obra de arte!...
Sendo muito consumido.
Esse cuidado excessivo
Da colheita à produção
Que a SUERDIECK tem,
Não se trata de vaidade
É trabalho, meu irmão
Pra perfeita qualidade.
Pois os seus consumidores
Na Europa ou no Brasil,
São por demais exigentes
Até no toque sutil!...
Um charuto SUERDIECK
Tem valor mais de mil!
Na Alemanha ou na Bélgica,
Na Suíça ou na Holanda,
O produto SUERDIECK
De boca em boca ele anda
Quanto mais o tempo passa
Aumenta mais a demanda.
Ainda em outros países
Ele é bem procurado.
Os pedidos se avolumam
Dentro e fora do estado
Cresce o conceito entre o povo
Aumenta mais o mercado.
Há gente que desespera
É capaz de ficar louca
Se alguém lhe diz que ouviu
Seu nome de boca em boca
E for mulher, grita tanto
Que chega até ficar rouca.
Porém com a SUERDIECK
O negócio é diferente
É ela que faz questão
Sem se sentir descontente
De ver os charutos seus
Na boca de muita gente.
Quem tem negócio é capaz
De ficar doido varrido
Quando vê o seu produto
Pelo fogo consumido
Outros até desfalecem
Quando tudo está perdido.
Aí é que a SUERDIECK
Entra de cara no jogo
Pois quando isto acontece
Ela nunca pede rogo...
Pois sua alegria é ver
Seu produto pegar fogo.
São os contrastes da vida
Quando um vem, outro vai.
O que mamãe põe em casa
Vale só para meu pai
O avião só é bom
Quando desce, mas não cai.
Quando um fala mal do fumo
Já tem outro que aprecia
Zé vive botando fumo
No cachimbo de Maria
Tem até cabra levando
Fumo em casa, todo dia.
Lá em Feira, tem um cabra
Brabo que só um leão!
Faz desordem, pinta o sete
Na Princesa do Sertão
Porém quando vê co fumo
Fica de quatro no chão!...
Tem moça que quando vê
Um charuto, perde o prumo
E diz: com esta fumaça
Eu nunca me acostumo...
Mas quando está namorando,
Tá doida pra levar fumo.
Seu Nozinho de São Gonçalo
Só faz o que velha quer.
Compra uma tora de fumo
E diz; este é de colher!
Na hora em que chega em casa
Tome fumo na mulher.
Detinha de São Felipe
Quando vai fazer a feira
Compra dois quilos de fumo
E diz: este é de primeira
Como não tenho marido
Vou fazer uma besteira.
Em Ipirá tem um velho
Vermelho, feito uma brasa
Que me falou: seu Antônio
Quem não fuma se arrasa
Eu fico sem a farinha
Mas levo fumo pra casa.
Gildete de Muritiba
Mulher de seu Zé Comprido
Antes de tomar café
Ela suspende o vestido
E vai pra roça limpar
O fumo de seu marido.
Esta parte do folclore
Sobre o fumo da Bahia
É assunto que o poeta
Observa, anota e cria.
Para lançar as sementes
Nos campos da poesia.
Não pensem caros ouvintes
Que faltou ao menestrel
Inspiração sobre o fato
No qual descreve fiel
É, que quis por humorismo
Neste livro de Cordel.
Voltando ao primeiro assunto
Falo com sabedoria
Nas cidades onde o fumo
É boa mercadoria
É que são consideradas
As melhores da Bahia.
Foi a menina dos olhos
De SUERDIECK, afinal.
Cruz das Almas, com seu povo
Sempre alegre e jovial
Sendo ela a pioneira
Desta saga colossal.
A sua população
É demais hospitaleira
A graça dos seus jardins
É uma atração fagueira
A feira livre é intensa,
O comércio é de primeira.
Em Cruz das Almas, seu moço
O povo é bem divertido.
Lá existe cada jovem
Com diminuto vestido!
Que deixa o rapaz tesudo
O velho bem sacudido.
Depois tem Maragogipe
Cidade do artesanato
Terra tradicional
De um povo humilde e pacato.
Seu forte é o fumo e a pesca
Onde se compra barato.
Foi lá em Maragogipe
Que SUERDIECK instalou
O seu primeiro fabrico
De charutos, que criou
Um conceito, que perdura
Desde quando começou.
Falo agora em Muritiba
Terra de sonho e magia!...
Onde o grande Castro Alves
Veio ao mundo certo dia,
Lutando pelos escravos
Num brado de poesia.
Existem outras cidades
Que me fogem da memória
E que também contribuem
Com seu passado de glória
Para enriquecer as páginas
Dessa fascinante história.
Seus operários trabalham
Com muita dedicação
Nos armazéns ou nas fábricas,
Seguindo orientação
Da gerência, que elabora
Toda movimentação.
Dona GISELA, é porém,
A responsável direta
Com todos seus auxiliares,
Trilhando em busca da meta
Que é sempre a perfeição
Com uma linha correta.
Há trinta anos que ela
Também chegou juvenil
Veio como secretária
Cheia de encantos mil
Hoje comanda as empresas
Suave, forte e gentil
Se dizia antigamente
Pela boca da Candinha
Que mulher só tinha jeito
Pra trabalhar na cozinha
Ou falar da vida alheia
Lá na casa da vizinha.
Essa vil mentalidade
Já não existe mais não...
A mulher hoje comanda
Trabalha em qualquer função
E já é considerada
Braço forte da Nação.
A mulher é heroína
Em todos pontos falando!
Durante o dia é na fábrica
Seu trabalho executando
Quando anoitece, o marido
Já está em casa esperando.
Vai logo agarrando ela
Dizendo assim: meu benzinho
Eu estou daquele jeito...
Vem cá, me faz um carinho.
Ela lhe diz: Mariozinho
Vai procurar teu caminho.
Trabalhei hoje enrolando
Fumo fino e fumo grosso.
E por estar resfriada
Nem toquei no meu almoço,
Ainda bem não chego em casa
Tu vens grudar no meu osso.
Mariozinho que já está
Todo cheio de cachaça
Avança contra a mulher
E pega ela na raça
Tudo isso meus amigos
A mulher em casa passa.
O amor só é bonito
No momento fraternal
Quando os dois se compreendem
Num idílio conjugal
Aí é que a palha avôa:
Como diz seu Juvenal.
Por mais que a mulher trabalhe
Nos setores desta vida
É sempre aos olhos do homem
Uma flor pra ser colhida.
O sorriso da mulher
Adoça o amargo da vida.
Na vida da SUERDIECK
A mulher está ligada.
Cada caixa de charutos
Que por ela é fabricada
A sua imagem na tampa
Vai com ela registrada.
‘ E todos os operários
Têm carinho especial
Das empresas SUERDIECK,
Pelo cunho social
Que ela sempre oferece
Para todo o pessoal.
Pessoas que começaram
No fulgor da mocidade
Ainda hoje trabalham,
Já em avançada idade.
Amam a sua profissão
Sem orgulho e com vaidade.
Na fábrica de Muritiba
Conheci uma senhora
Que trabalha há trinta anos
Nunca pensou ir embora.
O charuto para ela
É como um filho que adora.
Quantos rapazes e moças
Nas fábricas namoraram
E com o passar do tempo
Por lá mesmo se casaram
Tiveram filhos e filhas,
Que ali continuaram.
Ali o convívio é outro
Se trabalha com harmonia
Sem zuadeiro de máquinas
Que parecem artilharia...
O ambiente é suave,
Tem traços de poesia.
E quando se comemora
Neste dia alvissareiro
A vinda de SUERDIECK
Neste País Brasileiro,
Todo operário agradece
Ao tão nobre pioneiro.
Esta é uma data histórica
De regozijo e ternura
Muitos deles já se foram
Mas a lembrança perdura.
Passará de pais pra filhos
Toda a geração futura.
Foi AUGUSTO e FERDINAND
Irmãos no sangue e na dor
Que fincaram nesta terra
Marco de grande valor.
Plantando com seu trabalho
As sementes do amor.
Um amor que conseguiu
Através de muitos planos
Superar os obstáculos
Temores e desenganos.
Chegando assim até nós
Nesta data dos cem anos.
O senhor GERHARD MEYER
Homem extraordinário
Merece grande destaque
No primeiro centenário,
Dos que vieram à Bahia
Pelo mesmo itinerário.
Muitos outros dirigentes
Por esse mesmo roteiro
Elevaram a SUERDIECK
Ao ponto mais altaneiro
Projetando o seu conceito
No Brasil e no estrangeiro.
Cem anos já se passaram
Daqueles dias de glória
E o bom nome da empresa
Fulgura em nossa memória
Por causa daqueles homens
Que fizeram sua história.
Mas a criatura humana
É falha como ninguém.
Como nos diz o ditado
Que encaixa muito bem,
Panela que muitos mexem
Um dia quebra também.
Foi assim que a SUERDIECK
Quase comete um engano.
Ia sendo transferida
Para um grupo italiano,
O braço de uma mulher
Foi quem frustrou este plano.
Pois adquiriu sozinha
A empresa a quem servia
Conservando um patrimônio
Que também é da Bahia,
E assim seus operários
Voltaram a ter alegria.
Uma alegria geral
Que faz bem ao coração
Agradecendo a GISELA
Pela a sua atuação
À frente da sua empresa
Progresso da região.
Dona GISELA merece
Uma menção de louvor
Por ter resgatado enfim
Num terno rasgo de amor
Um patrimônio que é
Também do trabalhador.
Quantas famílias hoje vivem
Neste meio nada hostil
No campo colhendo fumo
Ou do lado mercantil,
Exportando e conseguindo
Divisas par o Brasil.
Todos nós nos orgulhamos
Com carinho especial
De todos que construíram
Um grupo tão colossal!
Que atravessou um século,
Chegou com força total!...
Chegou ao tempo presente
Sem nenhuma distorção.
Com produtos fumageiros
Todos, tipo exportação.
Trazendo cada vez mais
Riquezas para a nação.
Para seus consumidores,
A SUERDIECK dedica
Este livro de Cordel
Que de fora ele não fica...
Exaltando nestes versos
Nossa Bahia tão rica.
E todos os operários
Da SUERDIECK, também
Recebam estes meus versos,
Não passem para ninguém.
Guardar poema no peito
É prova de querer bem.
Muritiba e Cruz das Almas
São Gonçalo e Cachoeira
Maragogipe, que foi
A cidade pioneira,
Agradecem à SUERDIECK
Esta data alvissareira.
GISELA e dona TIBÚRCIA
Cada qual mais atraente,
Mulheres que representam
O passado e o presente,
Queiram receber meus versos
Da forma mais complacente.
Para AUGUST e FERDINAND
Senhor GERHARD e Família
Recebam no coração
FERNANDO, HUGO ou CECÍLIA,
Um abraço do Governo
Que mora lá em Brasília.
Transcorridos já cem anos
Num clima de amor e paz,
A SUERDIECK prossegue
Sem dar voltas para trás,
Mas o que fez no passado
Ninguém esquece jamais.
F I M
É autorizada a reprodução desta crônica em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e seu autor. www.hugocarvalho.tk
Hugo
Carvalho
E-mail:
hugocharutos@uol.com.br
Telefones:
(075) 9133 1209 ou
3246
1744
Via Skype: hbcarvalho
São Gonçalo dos Campos
Amigos.
Quando, há alguns anos, comecei a escrever sobre charutos era movido por preocupações de cunho meramente comercial. Marketing direto e telemarketing eram palavras da moda.
Preocupava-me em explicar como são feitos os charutos, como são fumados, etc. Tais textos, quando hoje os releio, me parecem estéreis, enfadonhos. Transcrições adaptadas à minha linguagem, daquilo que outros disseram e redisseram, muito antes de mim, sobre a matéria.
Com
o advento da Internet, então, nem se fala. “Choveram” sites
sobre puros. Basta Você acessar qualquer um e irá encontrar, quase
sempre, as mesmas ladainhas. Quantas
vezes, navegando em sites charuteiros, encontrei palavras minhas (?). Ledo engano querer
ensinar o padre-nosso ao vigário. Quem melhor sabe de charutos é Você que os
consome.
Evadi-me
da vala comum. Abandonei as preocupações mercantis;
troquei o marketing direto
pelo Marketing de Relacionamento e passei a escrever pelo prazer de escrever e
de fumar charutos.
Puxa! Como a vida mudou.
Agora,
salvo ocasional recaída que o retrogosto dos puros provoca, não retroajo.
Interajo consigo. Procuro dar novo sentido a nosso relacionamento tentando
demonstrar serem os charutos, para quem neles se iniciou, parte integrante do
cotidiano.
Tenho
relutado em ter criado meu site na Internet, pois não gosto de falar com estranhos sem ter sido previamente apresentado. Não me sinto
confortável em me expor para aqueles a quem não
conheço. Essa característica pessoal
meus charutos não corrigiram. Ao contrário, respeitam-na, pois eles não são
para todo mundo. São apenas para pessoas especiais, como
Você
dileto amigo,
que os curte nos, por si eleitos, melhores momentos de sua vida.