FUMAÇA MÁGICA 251 São Gonçalo dos Campos/BA, 04 de outubro de 2006 |
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ILUSÕES |
HUGO CARVALHO*
Vendo ilusões.
Ilusões que se esvaecem em espirais à medida que são consumidas, mas que asseguram a paz tranqüilizadora de corações sem rancores. Mais ainda. Garantem o sossego cordial de quem viu invernos tropicais, viveu verões meridionais e atravessou suas tempestades.
Asseguram a paz de não ter que se preocupar com um carro estranho e muito próximo, num cair de noite. Garantem o sossego de poder aproveitar, gostosamente, os instantes das paradas obrigatórias ao sinal vermelho dos semáforos.
Asseguram a despreocupada paz das ruas desertas, percorridas a pé, altas horas da madrugada. Momentos ideais para as ilusões que se desvanecem em fumaça. Garantem o sossego prazeroso das casas antigas, debruçadas sobre as calçadas, com suas portas e janelas sempre abertas para o mundo.
Asseguram a paz do poder socorrer um corpo estendido no chão, sem o desassossego de se pensar que nele, possam estar ocultos, impensáveis propósitos.
Vendo ilusões.
Ilusões que, enquanto fumegam, permitem entender as razões incompreensíveis das grades de presídios estarem em nossas casas. Das cercas eletrificadas para gentes quando, a rigor, foram pensadas para confinar animais, em pastos. Dos mil vigias, vigiando-se uns aos outros. Das senhas e das contra senhas. Das íris e das digitais.
Vendo ilusões.
Ilusões que dissipam nossas cotidianas aflições. Aflições por não podermos abrir anexos de e-mails, sob risco de danificar nossos computadores. Por não podermos, tranqüilamente, parar o carro à porta da garagem e ir abri-la sem sustos e sem temores.
Vendo charutos.
Vendo ilusões.
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Hugo
Carvalho
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São Gonçalo dos Campos
Amigos.
Quando, há alguns anos, comecei a escrever sobre charutos era movido por preocupações de cunho meramente comercial. Marketing direto e telemarketing eram palavras da moda.
Preocupava-me em explicar como são feitos os charutos, como são fumados, etc. Tais textos, quando hoje os releio, me parecem estéreis, enfadonhos. Transcrições adaptadas à minha linguagem, daquilo que outros disseram e redisseram, muito antes de mim, sobre a matéria.
Com
o advento da Internet, então, nem se fala. “Choveram” sites
sobre puros. Basta Você acessar qualquer um e irá encontrar, quase
sempre, as mesmas ladainhas. Quantas
vezes, navegando em sites charuteiros, encontrei palavras minhas (?). Ledo engano querer
ensinar o padre-nosso ao vigário. Quem melhor sabe de charutos é Você que os
consome.
Evadi-me
da vala comum. Abandonei as preocupações mercantis;
troquei o marketing direto
pelo Marketing de Relacionamento e passei a escrever pelo prazer de escrever e
de fumar charutos.
Puxa! Como a vida mudou.
Agora,
salvo ocasional recaída que o retrogosto dos puros provoca, não retroajo.
Interajo consigo. Procuro dar novo sentido a nosso relacionamento tentando
demonstrar serem os charutos, para quem neles se iniciou, parte integrante do
cotidiano.
Tenho
relutado em ter criado meu site na Internet, pois não gosto de falar com estranhos sem ter sido previamente apresentado. Não me sinto
confortável em me expor para aqueles a quem não
conheço. Essa característica pessoal
meus charutos não corrigiram. Ao contrário, respeitam-na, pois eles não são
para todo mundo. São apenas para pessoas especiais, como
Você
dileto amigo,
que os curte nos, por si eleitos, melhores momentos de sua vida.