FUMAÇA MÁGICA 249

São Gonçalo dos Campos/BA, 23 de setembro de 2006

 

ALMA DIFERENCIADA

HUGO CARVALHO*

 

E

m templos e em restaurantes, restauramos energias.
m templos, contemplamos.  Apaziguamos o espírito.
m restaurantes, ah! restaurantes! Quantos detalhes, justamente combinados, se exigem para que possam restaurar-nos.

A começar pela paz dos templos.

Depois é a cor, é o cheiro, é a luz.

É o gosto, é o sal e o serviço.

É a mesa, é o canto e o recanto.

É o som, é o prato e o garfo.

É o drinque, é o branco e o chão.

É a água, é o copo e a faca.

É a carne, é o peixe e o frango.

É a bier, é o gelo e a espuma.

É o gás, é o fogo e o fogão.

É o pão, é o café e o licor.

É o jarro, é o suco e o açúcar.

É o alho, é a salsa e o salsão.

É a pitada, é a prova, é o tom.

É o charuto, é o queijo e o vinho.

É o preço, é a nota e o encanto.

É o sabor, é o zelo e o carinho.

É o teto, é o quadro e a parede.

É o balcão, é o bar e o asseio.

É o vaso, é a flor, é o cartão.

 

É um tudo.

Com algum nada.

 

É vontade de não sair.

É vontade de voltar.

É combinar, encantar, cozinhar.

 

Transformando tudo,

com algum nada,

numa alma diferenciada.


É autorizada a reprodução desta crônica em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e seu autor. www.hugocarvalho.tk


Hugo Carvalho - é economista e cronista. Já publicou mais de duzentas crônicas, nas quais o tema "charutos" é recorrente. Volta e meia costuma inserir em seus textos, aspectos particulares da sua visão da vida em São Gonçalo dos Campos-BA.

 

E-mail: hugocharutos@uol.com.br

Telefones: (075) 9133 1209 ou 3246 1744  

Via Skype: hbcarvalho


São Gonçalo dos Campos


Amigos.

Quando, há alguns anos, comecei a escrever sobre charutos era movido por preocupações de cunho meramente comercial. Marketing direto e telemarketing eram palavras da moda. 

Preocupava-me em explicar como são feitos os charutos, como são fumados, etc. Tais textos, quando hoje os releio, me parecem estéreis, enfadonhos. Transcrições adaptadas à minha linguagem, daquilo que outros disseram e redisseram, muito antes de mim, sobre a matéria.

Com o advento da Internet, então, nem se fala. “Choveram” sites sobre puros. Basta Você acessar qualquer um e irá encontrar, quase sempre, as mesmas ladainhas. Quantas vezes, navegando em sites charuteiros, encontrei palavras minhas (?). Ledo engano querer ensinar o padre-nosso ao vigário. Quem melhor sabe de charutos é Você que os consome. 

Evadi-me da vala comum. Abandonei as preocupações mercantis; troquei o marketing direto pelo Marketing de Relacionamento e passei a escrever pelo prazer de escrever e de fumar charutos.

Puxa! Como a vida mudou.

Agora, salvo ocasional recaída que o retrogosto dos puros provoca, não retroajo. Interajo consigo. Procuro dar novo sentido a nosso relacionamento tentando demonstrar serem os charutos, para quem neles se iniciou, parte integrante do cotidiano.

Tenho relutado em ter criado meu site na Internet, pois não gosto de falar com estranhos sem ter sido previamente apresentado. Não me sinto confortável em me expor para aqueles a quem não conheço. Essa característica pessoal meus charutos não corrigiram. Ao contrário, respeitam-na, pois eles não são para todo mundo. São apenas para pessoas especiais, como Você dileto amigo, que os curte nos, por si eleitos, melhores momentos de sua vida.

HUGO CARVALHO