FUMAÇA MÁGICA 247

São Gonçalo dos Campos/BA, 13 de setembro de 2006

 

CARTA DE UM FILHO

HUGO CARVALHO*

 

Já faz bastante tempo que ganhei este presente. Mesmo assim, continuo com ele guardado com o mesmo carinho que um pai cuida dos caminhos do seu filho. Trata-se de uma carta recebida por mim quando de meu aniversário em 2005. Quem a mandou? Meu filho número 5, Leandro, nascido em 1964, que mora lá nas Minas Gerais. Vamos a ela enquanto fumo meu charuto.

Viçosa 11 / 03 / 2005.

Querido Pai.

Sua benção!

        Talvez, se eu perguntasse a um sábio onde se esconde a sabedoria, possivelmente, ele assim refletiria:

Se a sabedoria estiver escondida em alguma parte do Planeta qual seria este lugar?

        Possivelmente o fundo dos oceanos, ou em um deserto distante, nos pólos, no cume da montanha mais alta, em um lugar inacessível, um lugar onde o homem pouco conhece.

Mas, logo em seguida pensaria:

Sendo assim, o homem, com todo o avanço tecnológico que dispõe, tem condições de encontra-la e busca-la. Portanto, se ele não for um homem de bem, o que poderia fazer com tamanho poder...?

        Assim, pensou que Deus não a teria escondido em tais lugares.

        Após algum tempo, concluiu que este lugar deveria ser muito especial e, que todas as pessoas teriam condições de alcança-lo, entretanto, para tal, era necessário que fosse um lugar que, para atingi-lo, este eleito deveria ser perfectível, que buscasse sempre se melhorar.

Assim, chegou a resposta que este lugar só poderia ser dentro do coração, e que a maturidade dos anos auxiliaria este homem na sua jornada interior, na sua busca do eu, atravessando os seus vales abissais cavados pela sua incompreensão; clareando as noites escuras provocadas pelo seu egoísmo; vencendo a raiva de não ser seguido; dominando o seu mais profundo medo; compreendendo o significado construtivo da dor; escutando o grito do silêncio provocado pela falta de uma palavra amiga; tendo complacência com os vencidos e, por início, estendendo a mão ao próximo que o cerca.

Agora, tal sábio me ensina, que um pai ao passar ideais nobres a um filho auxilia-o nesta jornada, bem como, alberga-se em um lugar nobre: o coração deste filho que muito o ama!

Parabéns.

Sua benção!

Leandro

 

Obrigado filho amado. É muito bom sempre saber que continuo morando no teu coração.


É autorizada a reprodução desta crônica em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e seu autor. www.hugocarvalho.tk


Hugo Carvalho - é economista e cronista. Já publicou mais de duzentas crônicas, nas quais o tema "charutos" é recorrente. Volta e meia costuma inserir em seus textos, aspectos particulares da sua visão da vida em São Gonçalo dos Campos-BA.

 

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Telefones: (075) 9133 1209 ou 3246 1744  

Via Skype: hbcarvalho


São Gonçalo dos Campos


Amigos.

Quando, há alguns anos, comecei a escrever sobre charutos era movido por preocupações de cunho meramente comercial. Marketing direto e telemarketing eram palavras da moda. 

Preocupava-me em explicar como são feitos os charutos, como são fumados, etc. Tais textos, quando hoje os releio, me parecem estéreis, enfadonhos. Transcrições adaptadas à minha linguagem, daquilo que outros disseram e redisseram, muito antes de mim, sobre a matéria.

Com o advento da Internet, então, nem se fala. “Choveram” sites sobre puros. Basta Você acessar qualquer um e irá encontrar, quase sempre, as mesmas ladainhas. Quantas vezes, navegando em sites charuteiros, encontrei palavras minhas (?). Ledo engano querer ensinar o padre-nosso ao vigário. Quem melhor sabe de charutos é Você que os consome. 

Evadi-me da vala comum. Abandonei as preocupações mercantis; troquei o marketing direto pelo Marketing de Relacionamento e passei a escrever pelo prazer de escrever e de fumar charutos.

Puxa! Como a vida mudou.

Agora, salvo ocasional recaída que o retrogosto dos puros provoca, não retroajo. Interajo consigo. Procuro dar novo sentido a nosso relacionamento tentando demonstrar serem os charutos, para quem neles se iniciou, parte integrante do cotidiano.

Tenho relutado em ter criado meu site na Internet, pois não gosto de falar com estranhos sem ter sido previamente apresentado. Não me sinto confortável em me expor para aqueles a quem não conheço. Essa característica pessoal meus charutos não corrigiram. Ao contrário, respeitam-na, pois eles não são para todo mundo. São apenas para pessoas especiais, como Você dileto amigo, que os curte nos, por si eleitos, melhores momentos de sua vida.

HUGO CARVALHO