FUMAÇA MÁGICA 245 São Gonçalo dos Campos/BA, 05 de setembro de 2006 |
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MOTO PERPÉTUO |
Hoje resolvi fazer uma experiência que sei não ser inédita para o distinto público mas que para mim o é ou seja a exemplo de um moto perpétuo ficar escrevendo deixando o pensamento fluir sem pontuar nada nem dar bolas para os sublinhados vermelhos ou verdes de alertas destes computadores que mais complicam do que ajudam a gente a expor nossas idéias as quais quando afluem exigem certo ordenamento para que ao serem transportadas para o papel ou para a tela possam ser bem entendidas pois se sabe que há palavras bem ditas e mal compreendidas e que da forma oposta pode acontecer de determinadas palavras mal ditas vejam que separei mal de ditas poderem ser bem compreendidas tudo dependendo do contexto ou do humor de quem escreve e mais ainda do humor de quem lê e por isso mesmo começo a ficar preocupado com essa invencionice de ruminar um texto sem pé nem cabeça cabeça que foi feita pra pensar e não pra ficar complicando a vida de quem lê que quando lê muitas vezes pensa que entendeu e se de fato entendeu o foi à luz dos seus conhecimentos e não à sombra dos conhecimentos do emissor da mensagem o qual a exemplo deste escriba pode não ter lá muitos conhecimentos mas que os procura compensar com seus muitos anos de vida vivendo e jogando para o ar a fumaça dos seus charutos e para o chão a cinza dos ditos para constantes reclamações da sua mulher quanto aos tapetes mas para as quais já se fez secularmente surdo pois não está aqui para ficar ouvindo coisas que não deseja e a inteligência está em ouvirmos o que queremos e termos ouvidos moucos para o restante e agora mudando o tratamento dado ao escriba chega ao meu lado meu guri de sete anos de pijama e com cara de sono pois já é noite perguntando se vou aceitar a pizza que a mãe dele preparou para a família neste domingo chuvoso e é claro que eu vou aceitar antes porém quero lembrar daquela solteirona francesa e quarentona que está reclamando pelo fato de as mulheres lá na França ainda são distinguidas como madames ou como mademoiselles o que segundo dita reclamante reflete um sexismo no idioma oriundo do machismo pois segundo ela quando o nome de uma mulher vem precedido de mademoiselle quer significar que a dita está disponível e já que os países de língua inglesa aboliram a distinção entre Mrs (senhora) e Miss (senhorita), resumindo os dois casos num neutro Ms ela também acha que a coisa deve deixar de ser diferenciada no seu país ora me façam uma garapa francesa ou uma caipirinha nacional pois não vai demorar muito para a moda chegar aqui na pátria amada e acabarmos com os tratamentos distintos para senhoras e para senhoritas eu acho que a reclamante franco-feminista está é retada da vida por receber suas correspondências tratando-a de senhorita quando a rigor com muitos quilômetros rodados só lhe está faltando mesmo um charuto para fumar em certas horas e uma certidão de casamento para passar a ser tratada de senhora.
Vou jantar. Boa noite!
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Hugo
Carvalho
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São Gonçalo dos Campos
Amigos.
Quando, há alguns anos, comecei a escrever sobre charutos era movido por preocupações de cunho meramente comercial. Marketing direto e telemarketing eram palavras da moda.
Preocupava-me em explicar como são feitos os charutos, como são fumados, etc. Tais textos, quando hoje os releio, me parecem estéreis, enfadonhos. Transcrições adaptadas à minha linguagem, daquilo que outros disseram e redisseram, muito antes de mim, sobre a matéria.
Com
o advento da Internet, então, nem se fala. “Choveram” sites
sobre puros. Basta Você acessar qualquer um e irá encontrar, quase
sempre, as mesmas ladainhas. Quantas
vezes, navegando em sites charuteiros, encontrei palavras minhas (?). Ledo engano querer
ensinar o padre-nosso ao vigário. Quem melhor sabe de charutos é Você que os
consome.
Evadi-me
da vala comum. Abandonei as preocupações mercantis;
troquei o marketing direto
pelo Marketing de Relacionamento e passei a escrever pelo prazer de escrever e
de fumar charutos.
Puxa! Como a vida mudou.
Agora,
salvo ocasional recaída que o retrogosto dos puros provoca, não retroajo.
Interajo consigo. Procuro dar novo sentido a nosso relacionamento tentando
demonstrar serem os charutos, para quem neles se iniciou, parte integrante do
cotidiano.
Tenho
relutado em ter criado meu site na Internet, pois não gosto de falar com estranhos sem ter sido previamente apresentado. Não me sinto
confortável em me expor para aqueles a quem não
conheço. Essa característica pessoal
meus charutos não corrigiram. Ao contrário, respeitam-na, pois eles não são
para todo mundo. São apenas para pessoas especiais, como
Você
dileto amigo,
que os curte nos, por si eleitos, melhores momentos de sua vida.