FUMAÇA MÁGICA 243 São Gonçalo dos Campos/BA, 22 de agosto de 2006 |
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O CHARUTISTA E O ALKMISTA |
Em Terra Brasilis, um charutista e um alkmista estão “amarrando bigodes” na disputa das preferências do povão, posto saber-se ser tal preferência o fator decisivo para a posse da Pedra Filosofal, ou melhor dizendo, do Diário Oficial.
A diferença me parece estar no fato que os ritos do charutista, os bons e os maus, foram todos desvendados, denunciados, elogiados, condenados, execrados, aplaudidos, incompreendidos, amados e odiados. Uns, até, varridos para debaixo do tapete. É claro que o charutista tem bem guardadas, as sete chaves da Pedra Filosofal, pois ninguém é besta para ficar “entregando o ouro de mão beijada”. Os méritos e deméritos do charutista são encontráveis com bastante facilidade. Os primeiros, apregoados nas páginas coloridas do proselitismo oficial; os segundos, nas revistas e jornais que lhe fazem oposição. Goste-se ou não, o fato é que o charutista, mais do que qualquer outra coisa é, um grande artista, equilibrista criador de esperanças. O charutista já foi até chamado de bêbado e quejandos. Não está nem aí. Usa a sabedoria do velho Ademar de Barros. “Falem mal, mas falem de mim”. A caneta está com ele.
Já no que diz respeito aos ritos do alkmista são grandes as incógnitas que vão do uso de chá de cucurbitácea, como calmante, à participação em confrarias altamente elitizadas, passando por uma imagem descolada das bases e sem grande apelo popular. O alkmista, teimoso por natureza, sem jogo de cintura, um tanto quanto distanciado das tradições, tenta mirabolantes fórmulas, tais como visitar bodómodros, transformar vaias em votos, aprender a comer abará sem ser de garfo e faca, mastigar jiló, saborear feijão verde, apreciar frigideira de maxixe, andar em lombo de burro. Tudo isso na tentativa de se equilibrar e vir a se apossar da Pedra Filosofal.
Até aqui, tem parecido perda de tempo do alkmista. No melhor estilo do não-sei-o-que-estou-fazendo-aqui, não está se dando conta que “a esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar”.
Meu charuto pode até estar enganado, mas me diz meu companheiro de fumaças que, gostem uns, revoltem-se outros, tal é a realidade.
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Hugo
Carvalho
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São Gonçalo dos Campos
Amigos.
Quando, há alguns anos, comecei a escrever sobre charutos era movido por preocupações de cunho meramente comercial. Marketing direto e telemarketing eram palavras da moda.
Preocupava-me em explicar como são feitos os charutos, como são fumados, etc. Tais textos, quando hoje os releio, me parecem estéreis, enfadonhos. Transcrições adaptadas à minha linguagem, daquilo que outros disseram e redisseram, muito antes de mim, sobre a matéria.
Com
o advento da Internet, então, nem se fala. “Choveram” sites
sobre puros. Basta Você acessar qualquer um e irá encontrar, quase
sempre, as mesmas ladainhas. Quantas
vezes, navegando em sites charuteiros, encontrei palavras minhas (?). Ledo engano querer
ensinar o padre-nosso ao vigário. Quem melhor sabe de charutos é Você que os
consome.
Evadi-me
da vala comum. Abandonei as preocupações mercantis;
troquei o marketing direto
pelo Marketing de Relacionamento e passei a escrever pelo prazer de escrever e
de fumar charutos.
Puxa! Como a vida mudou.
Agora,
salvo ocasional recaída que o retrogosto dos puros provoca, não retroajo.
Interajo consigo. Procuro dar novo sentido a nosso relacionamento tentando
demonstrar serem os charutos, para quem neles se iniciou, parte integrante do
cotidiano.
Tenho
relutado em ter criado meu site na Internet, pois não gosto de falar com estranhos sem ter sido previamente apresentado. Não me sinto
confortável em me expor para aqueles a quem não
conheço. Essa característica pessoal
meus charutos não corrigiram. Ao contrário, respeitam-na, pois eles não são
para todo mundo. São apenas para pessoas especiais, como
Você
dileto amigo,
que os curte nos, por si eleitos, melhores momentos de sua vida.