FUMAÇA MÁGICA 236

São Gonçalo dos Campos/BA, 08 de julho de 2006

 

VERDADES ESCONDIDAS

HUGO CARVALHO*

Aos poucos a Bahia vai revelando novos aspectos da sua identidade, não integrantes dos roteiros turísticos tradicionais e, pois, desconhecidos até por muitos nascidos baianos. Não falo das fábricas de charutos as quais, por incrível que pareça, quase sem o sentirmos, têm deixado de ser pontos de atração dignos de nota. Falo das atrações culturais afro-brasileiras do Corredor do Curuzu.

Nenhum outro lugar de Salvador tem tantos atrativos influenciados pela cultura negra como o Curuzu, zona inserida no bairro da Liberdade.

Apesar de, até aqui, sua referência maior seja o bloco afro Ilê Aiyê, a face oculta da localidade tem outras maravilhas para se ver, comer, comprar e conhecer. Terreiros antigos, artesanatos diversos e comida que vai, desde a maniçoba, até as mais deliciosas iguarias preparadas para um café da manhã.

Em função de tais valores já se constituiu um projeto que pretende incluir o Curuzu no roteiro turístico de Salvador, mostrando que o mesmo tem muitas coisas boas para oferecer a nativos e visitantes.

Uma ladeira íngreme dá um toque especial ao roteiro. A musicalidade, a religiosidade afro, a dança, a paixão das pessoas pela vida, as comidas típicas e os artistas plásticos do pedaço formam um caldeirão de efervescente de alegria encoberta no Curuzu, palavra que os índios guaranis utilizavam para significar cruz.

Quem aprecia simplicidade, originalidade e raízes, em vindo à Bahia, não pode deixar de passar por lá. Enquanto é tempo. Pois, amanhã ou depois, quanto “todo mundo descobrir o Curuzu”, a visita perderá a graça. Será apenas mais uma, igual a outras tantas.

E depois....bem, depois é vir visitar o Recôncavo Baiano, continuação das verdades escondidas.  Entre elas a de fabricar charutos.


É autorizada a reprodução desta crônica em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e seu autor. www.hugocarvalho.tk


Hugo Carvalho - é economista e cronista. Já publicou mais de duzentas crônicas, nas quais o tema "charutos" é recorrente. Volta e meia costuma inserir em seus textos, aspectos particulares da sua visão da vida em São Gonçalo dos Campos-BA.

 

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São Gonçalo dos Campos


Amigos.

Quando, há alguns anos, comecei a escrever sobre charutos era movido por preocupações de cunho meramente comercial. Marketing direto e telemarketing eram palavras da moda. 

Preocupava-me em explicar como são feitos os charutos, como são fumados, etc. Tais textos, quando hoje os releio, me parecem estéreis, enfadonhos. Transcrições adaptadas à minha linguagem, daquilo que outros disseram e redisseram, muito antes de mim, sobre a matéria.

Com o advento da Internet, então, nem se fala. “Choveram” sites sobre puros. Basta Você acessar qualquer um e irá encontrar, quase sempre, as mesmas ladainhas. Quantas vezes, navegando em sites charuteiros, encontrei palavras minhas (?). Ledo engano querer ensinar o padre-nosso ao vigário. Quem melhor sabe de charutos é Você que os consome. 

Evadi-me da vala comum. Abandonei as preocupações mercantis; troquei o marketing direto pelo Marketing de Relacionamento e passei a escrever pelo prazer de escrever e de fumar charutos.

Puxa! Como a vida mudou.

Agora, salvo ocasional recaída que o retrogosto dos puros provoca, não retroajo. Interajo consigo. Procuro dar novo sentido a nosso relacionamento tentando demonstrar serem os charutos, para quem neles se iniciou, parte integrante do cotidiano.

Tenho relutado em ter criado meu site na Internet, pois não gosto de falar com estranhos sem ter sido previamente apresentado. Não me sinto confortável em me expor para aqueles a quem não conheço. Essa característica pessoal meus charutos não corrigiram. Ao contrário, respeitam-na, pois eles não são para todo mundo. São apenas para pessoas especiais, como Você dileto amigo, que os curte nos, por si eleitos, melhores momentos de sua vida.

HUGO CARVALHO