FUMAÇA MÁGICA 234

São Gonçalo dos Campos/BA, 30 de junho de 2006

 

NÃO ME INTERPRETEM MAL

HUGO CARVALHO*

Há um assunto que há anos – anos mesmo – vive na minha cabeça e, roda pra cá, roda pra lá, tenho sempre adiado sua abordagem. Digo viver na minha cabeça, não por ser algo importante na sua essência, mas porque, no dia a dia, me deparo com costume, que colide com aquilo que, em termos de etiqueta, me ensinaram sendo a forma mais recomendada. 

Não falo dos fumares dos charutos. Digo fumares posto haver várias formas de faze-lo, com todos os seus et céteras e tais. 

Vou falar de falares. Vou me distrair, e tentar também distrai-los, falando da apresentação dos digníssimos cônjuges. 

Puxa vida! Volta e meia me deparo com um cidadão que ao me apresentar a mulher com quem casou ou com a qual convive, o faz referindo-se à dita cuja como sendo a “esposa”. Pior quando, em vez de “esposa”, me vem com o famigerado “minha senhora”. E, bem mais divertido quando, num acesso talvez de suprema homenagem à distintíssima, ou sei lá o que, fecha o “O” da senhora, pronunciando-o como sendo um “Ô” e lá vem ele, formal: Quero te apresentar minha senhôra! 

Gente. Vamos despir-nos dos preconceitos. O homem apresenta a sua mulher; a mulher apresenta o seu marido, e estamos conversados.  

Verdade que há hoje algumas outras apresentações que, diria eu, são híbridas e modernosas. É o caso da Manuela D´Ávila, jovem sobrinha-neta minha, vereadora lá em Porto Alegre, que costuma se referir ao distinto como seu namorido

Vá lá que seja. Mas, mulher apresentando o seu “esposo” é simplesmente hilário. Esposo foi São José, por sinal, castíssimo. Coisa que, convenhamos, é meio rara hoje em dia.  

Já, mulher – vejam como são as coisas – foi Madalena a qual, por ter se arrependido de sei lá o quê, foi tida por prostituta. Talvez daí provenha, por isso mesmo, a resistência dos machões em apresentarem as digníssimas como sendo suas mulheres. Temerão outras interpretações? 

Está dito, mas, por favor, não me interpretem mal. É preciso saber viver.


É autorizada a reprodução desta crônica em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e seu autor. www.hugocarvalho.tk


Hugo Carvalho - é economista e cronista. Já publicou mais de duzentas crônicas, nas quais o tema "charutos" é recorrente. Volta e meia costuma inserir em seus textos, aspectos particulares da sua visão da vida em São Gonçalo dos Campos-BA.

 

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Via Skype: hbcarvalho


São Gonçalo dos Campos


Amigos.

Quando, há alguns anos, comecei a escrever sobre charutos era movido por preocupações de cunho meramente comercial. Marketing direto e telemarketing eram palavras da moda. 

Preocupava-me em explicar como são feitos os charutos, como são fumados, etc. Tais textos, quando hoje os releio, me parecem estéreis, enfadonhos. Transcrições adaptadas à minha linguagem, daquilo que outros disseram e redisseram, muito antes de mim, sobre a matéria.

Com o advento da Internet, então, nem se fala. “Choveram” sites sobre puros. Basta Você acessar qualquer um e irá encontrar, quase sempre, as mesmas ladainhas. Quantas vezes, navegando em sites charuteiros, encontrei palavras minhas (?). Ledo engano querer ensinar o padre-nosso ao vigário. Quem melhor sabe de charutos é Você que os consome. 

Evadi-me da vala comum. Abandonei as preocupações mercantis; troquei o marketing direto pelo Marketing de Relacionamento e passei a escrever pelo prazer de escrever e de fumar charutos.

Puxa! Como a vida mudou.

Agora, salvo ocasional recaída que o retrogosto dos puros provoca, não retroajo. Interajo consigo. Procuro dar novo sentido a nosso relacionamento tentando demonstrar serem os charutos, para quem neles se iniciou, parte integrante do cotidiano.

Tenho relutado em ter criado meu site na Internet, pois não gosto de falar com estranhos sem ter sido previamente apresentado. Não me sinto confortável em me expor para aqueles a quem não conheço. Essa característica pessoal meus charutos não corrigiram. Ao contrário, respeitam-na, pois eles não são para todo mundo. São apenas para pessoas especiais, como Você dileto amigo, que os curte nos, por si eleitos, melhores momentos de sua vida.

HUGO CARVALHO