FUMAÇA MÁGICA 233 |
São Gonçalo dos Campos/BA, 26 de junho de 2006 |
DESCONSTRUIR |
De
tempos em tempos aparecem, na imprensa, novos termos – neologismos – que
se convertem em constante presença, em toda e qualquer matéria veiculada, em
toda e qualquer declaração de personalidade ou autoridade. O mais estranho
em tudo isso é que fica parecendo, mesmo aos mais familiarizados com a última
flor do Lácio, que não haveria, até então, palavras que pudessem
melhor expressar os significados dados ao modismo.
Agora
inventaram um tal verbo “desconstruir” que virou moda e está em todos os
jornais e revistas. Está certo que Chico Buarque, dos mais brilhantes
compositores brasileiros, possa se permitir a licença poética de usar a
palavra “Desconstrução” como título de seu novo DVD. A invencionice, se
não começou por mimetismo à criatividade de Chico Buarque, deve ter surgido
por analogia a “desfazer”, contraponto de “fazer”.
Se um político resolve fazer greve de fome, alega que o faz por que
seus adversários querem “desconstruir” a sua imagem. Se um canal de TV
lança um novo programa, utiliza como argumento que o mesmo “vai
desconstruir a narrativa da reportagem”.
A
turma gosta mesmo de complicar. Para casos tais, a não se querer usar o
simples e direto verbo “destruir”, a depender do sentido pretendido, se
poderia lançar mão de verbos tais como “desmanchar”, “prejudicar”,
“alterar” ou “modificar” que a coisa ficaria bem entendida. Mas não
tem jeito não.
Menos
mal que, no Uruguai é bem pior...
Pelo
amor de Deus, não estou falando de políticos, nem de ambulâncias, nem de
dinheiro para custeio de campanhas. Nem tampouco de invencionices
vernaculares.
No
Uruguai há uma verdadeira batalha particular, desencadeada pelo seu
presidente, o médico cancerologista Tabaré Vasquez: o combate ao tabaco.
A
partir do aeroporto, sente-se por todos os lugares a presença da campanha
contra o fumo. Tolerância zero com os fumantes locais ou visitantes: é
proibido fumar em todo lugar. Quem fuma, vai ter que desconstruir seu hábito,
pois perdeu o sossego no Uruguai de hoje.
Por
isso, mesmo desconstruindo tudo quanto me ensinaram, ainda prefiro
quedar-me por estas bandas orientais brasileiras.
Eu
disse, orientais? Não serão nordestinas?
Disso, lá na frente, irei tratar noutra crônica.
É autorizada a reprodução desta crônica em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e seu autor. www.hugocarvalho.tk
Hugo
Carvalho
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Via Skype: hbcarvalho
São Gonçalo dos Campos
Amigos.
Quando, há alguns anos, comecei a escrever sobre charutos era movido por preocupações de cunho meramente comercial. Marketing direto e telemarketing eram palavras da moda.
Preocupava-me em explicar como são feitos os charutos, como são fumados, etc. Tais textos, quando hoje os releio, me parecem estéreis, enfadonhos. Transcrições adaptadas à minha linguagem, daquilo que outros disseram e redisseram, muito antes de mim, sobre a matéria.
Com
o advento da Internet, então, nem se fala. “Choveram” sites
sobre puros. Basta Você acessar qualquer um e irá encontrar, quase
sempre, as mesmas ladainhas. Quantas
vezes, navegando em sites charuteiros, encontrei palavras minhas (?). Ledo engano querer
ensinar o padre-nosso ao vigário. Quem melhor sabe de charutos é Você que os
consome.
Evadi-me
da vala comum. Abandonei as preocupações mercantis;
troquei o marketing direto
pelo Marketing de Relacionamento e passei a escrever pelo prazer de escrever e
de fumar charutos.
Puxa! Como a vida mudou.
Agora,
salvo ocasional recaída que o retrogosto dos puros provoca, não retroajo.
Interajo consigo. Procuro dar novo sentido a nosso relacionamento tentando
demonstrar serem os charutos, para quem neles se iniciou, parte integrante do
cotidiano.
Tenho
relutado em ter criado meu site na Internet, pois não gosto de falar com estranhos sem ter sido previamente apresentado. Não me sinto
confortável em me expor para aqueles a quem não
conheço. Essa característica pessoal
meus charutos não corrigiram. Ao contrário, respeitam-na, pois eles não são
para todo mundo. São apenas para pessoas especiais, como
Você
dileto amigo,
que os curte nos, por si eleitos, melhores momentos de sua vida.
HUGO CARVALHO