FUMAÇA MÁGICA 232 |
São Gonçalo dos Campos/BA, 21 de junho de 2006 |
PICARETAGEM |
Há
anos passados, na era pré-Collor, os brasileiros, exceções feitas aos que
viajavam para fora, não dispunham de informações quanto a charutos
produzidos no Exterior. As importações eram proibitivas e a Internet uma
criança. O conhecimento ficava restrito ao número reduzido de estudiosos do
tema e das pessoas ligadas ao fabrico de puros. Havia, assim, um grande
espaço para a “contrafação industrial”, a famosa “picaretagem”.
Por
isso o fenômeno do registro e do uso indevido de marcas de charutos, por
terceiros, no Brasil, teve nome e sobrenome quando um determinado cidadão, aqui
conseguiu registrar a marca Davidoff e chegou a montar fábrica e lojas, assim
chamadas. (Vejam – e isso é
importante registrar – que não estou me referindo às atuais e devidamente
credenciadas lojas Davidoff existentes no país) - Nota do Autor.
Para
ludibriar os incautos, copiaram em (quase) tudo as embalagens originais mas,
dentro, colocavam charutos produzidos no Recôncavo Baiano. Ousados que eram,
foram longe. Foram precursores, lançando contrafações dos charutos Davidoff
em tubos de alumínio produzidos no mercado nacional.
Chegaram
a ponto, também, de produzirem as Cigarrilhas Davidoff. A “produção”
das mesmas era genial. Compravam cigarrilhas da marca Moreninha
(então no mercado, produzidas pela Souza Cruz em sua fábrica de Petrópolis),
tiravam-nas da embalagem original, diminuíam um pouco o comprimento,
colocavam o “novo produto” em caixinhas de madeira pirogravadas, punham o
preço nas nuvens, e pronto...
lá estavam os consumidores, felizes da vida, pagando uma nota por
cigarrilhas, com subcapa de papel, tidas por importadas.
Provocaram
frisson no mercado se tornando o inimigo público nº 1 dos fabricantes
nacionais. Mas, tiveram seus méritos por mostrarem que no fundo, pelo fenômeno
do isolamento comercial, (protecionismo nascido, diga-se, da vontade dos próprios
fabricantes do passado), boa parte dos consumidores nada conhecia de charutos,
nem de cigarrilhas. Fumava por ver os outros fumarem ou para adotar um símbolo
de diferenciação.
E
quantas e quantas vezes ouvi consumidores, dizerem-se satisfeitos pois estavam
conseguindo ótimos charutos estrangeiros a preços acessíveis. Menos mal
que atrás da picaretagem havia, em termos de charutos, uma declaração
de amor aos bons fumos da Bahia.
É autorizada a reprodução desta crônica em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e seu autor. www.hugocarvalho.tk
Hugo
Carvalho
E-mail:
hugocharutos@uol.com.br
Telefones:
(075) 9133 1209 ou
3246
1744
Via Skype: hbcarvalho
São Gonçalo dos Campos
Amigos.
Quando, há alguns anos, comecei a escrever sobre charutos era movido por preocupações de cunho meramente comercial. Marketing direto e telemarketing eram palavras da moda.
Preocupava-me em explicar como são feitos os charutos, como são fumados, etc. Tais textos, quando hoje os releio, me parecem estéreis, enfadonhos. Transcrições adaptadas à minha linguagem, daquilo que outros disseram e redisseram, muito antes de mim, sobre a matéria.
Com
o advento da Internet, então, nem se fala. “Choveram” sites
sobre puros. Basta Você acessar qualquer um e irá encontrar, quase
sempre, as mesmas ladainhas. Quantas
vezes, navegando em sites charuteiros, encontrei palavras minhas (?). Ledo engano querer
ensinar o padre-nosso ao vigário. Quem melhor sabe de charutos é Você que os
consome.
Evadi-me
da vala comum. Abandonei as preocupações mercantis;
troquei o marketing direto
pelo Marketing de Relacionamento e passei a escrever pelo prazer de escrever e
de fumar charutos.
Puxa! Como a vida mudou.
Agora,
salvo ocasional recaída que o retrogosto dos puros provoca, não retroajo.
Interajo consigo. Procuro dar novo sentido a nosso relacionamento tentando
demonstrar serem os charutos, para quem neles se iniciou, parte integrante do
cotidiano.
Tenho
relutado em ter criado meu site na Internet, pois não gosto de falar com estranhos sem ter sido previamente apresentado. Não me sinto
confortável em me expor para aqueles a quem não
conheço. Essa característica pessoal
meus charutos não corrigiram. Ao contrário, respeitam-na, pois eles não são
para todo mundo. São apenas para pessoas especiais, como
Você
dileto amigo,
que os curte nos, por si eleitos, melhores momentos de sua vida.
HUGO CARVALHO