FUMAÇA MÁGICA 231 |
São Gonçalo dos Campos/BA, 18 de junho de 2006 |
SE EU VIESSE... |
Seu eu viesse a lhes falar de cores,
poderia muito lhes dizer sobre charutos.
Afinal há neles, incontáveis tons,
variando dos marrons,
quase negros,
passando pelos colorados,
uns menos,
outros mais avermelhados,
havendo os esverdeados,
chegando aos tons amarelados,
pálidos, quase desmaiados.
Seu eu viesse a lhes falar de blends,
não me limitaria
a lhes falar de cafés, de uísques.
Certamente algo lhes diria
sobre os charutos
e as misturas complexas,
dos vários tipos de fumos,
que dão caráter próprio a cada um
deles.
Se
eu viesse a lhes falar de magia,
às
artes circenses,
às
crenças medievais,
às
sociedades secretas,
não
me restringiria.
Iria,
sem dúvida,
lhes
falar do encanto mágico do charuto.
Seja
quando surgiu em rituais,
seja
depois,
quando
se fez símbolo de status,
de
poder e de algo mais.
Se
eu viesse a lhes falar de doçura,
por
certo,
que
além de lhes falar de mel,
eu
lhes diria
do quanto é doce o charuto,
quando
preparado,
com
um bom tabaco,
bem
curado.
Se
eu viesse a lhes falar de irmãos,
lhes
falaria,
charutos
em suas caixas,
retratos
de uma confraria,
dedos
de uma mesma mão.
Parecem-se
muito,
mas
iguais não são.
Mas
hoje não irei falar
de
coisas tais.
Vou
só falar das saudades.
Coloridas,
complexas,
mágicas,
doces
e
fraternas.
Que
sinto dos meus amigos,
quanto
sinto dos meus charutos,
quando
não estão cá a meu lado.
É autorizada a reprodução desta crônica em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e seu autor. www.hugocarvalho.tk
Hugo
Carvalho
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São Gonçalo dos Campos
Amigos.
Quando, há alguns anos, comecei a escrever sobre charutos era movido por preocupações de cunho meramente comercial. Marketing direto e telemarketing eram palavras da moda.
Preocupava-me em explicar como são feitos os charutos, como são fumados, etc. Tais textos, quando hoje os releio, me parecem estéreis, enfadonhos. Transcrições adaptadas à minha linguagem, daquilo que outros disseram e redisseram, muito antes de mim, sobre a matéria.
Com
o advento da Internet, então, nem se fala. “Choveram” sites
sobre puros. Basta Você acessar qualquer um e irá encontrar, quase
sempre, as mesmas ladainhas. Quantas
vezes, navegando em sites charuteiros, encontrei palavras minhas (?). Ledo engano querer
ensinar o padre-nosso ao vigário. Quem melhor sabe de charutos é Você que os
consome.
Evadi-me
da vala comum. Abandonei as preocupações mercantis;
troquei o marketing direto
pelo Marketing de Relacionamento e passei a escrever pelo prazer de escrever e
de fumar charutos.
Puxa! Como a vida mudou.
Agora,
salvo ocasional recaída que o retrogosto dos puros provoca, não retroajo.
Interajo consigo. Procuro dar novo sentido a nosso relacionamento tentando
demonstrar serem os charutos, para quem neles se iniciou, parte integrante do
cotidiano.
Tenho
relutado em ter criado meu site na Internet, pois não gosto de falar com estranhos sem ter sido previamente apresentado. Não me sinto
confortável em me expor para aqueles a quem não
conheço. Essa característica pessoal
meus charutos não corrigiram. Ao contrário, respeitam-na, pois eles não são
para todo mundo. São apenas para pessoas especiais, como
Você
dileto amigo,
que os curte nos, por si eleitos, melhores momentos de sua vida.
HUGO CARVALHO